A depressão, um tema antigo, mas também atual e que ganhou um destaque muito grande nas últimas décadas na saúde global.
Tema considerado no passado como um estado de melancolia intratável, mas que hoje conhecida como uma patologia que recebe abordagens científicas e pode ser tratada como qualquer outro tipo de doença.
É considerada uma doença mental, catalogada na Classificação Estatística Internacional de Doenças e problemas Relacionados com a Saúde (CID) e no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM).
A palavra depressão origina-se do latim deprimere, que significa “pressionar para baixo”. Pode ser traduzida como um estado de abatimento e tristeza transitório ou permanente.
Considera-se a depressão como um conjunto de sintomas que podem gerar sérias implicações nas relações pessoais, no trabalho, no
tratamento de várias doenças, na ingestão de drogas e álcool e em alguns casos no risco de suicídio.
Apesar de acometer pessoas de todas as idades, é uma doença que chama a atenção pelo aumento de ocorrência entre os indivíduos jovens de idade em plena atividade profissional, que muitas vezes se afastam ou são demitidos por não apresentar a produtividade das atividades laborais de antes.
O sofrimento, o desânimo, a introversão, a preocupação, a dependência, a sensibilidade excessiva e a incapacidade social e profissional são algumas das características de personalidades depressivas.
Depressão, sob o olhar da Organização Mundial da Saúde
Segundo a OMS, a depressão:
Causas da depressão:
A causa precisa da depressão ainda é desconhecida, mas diversos são os fatores que podem promovê-la, como os biológicos, genéticos e psicossociais e que podem interagir entre si.
Entendendo um pouco cada um deles:
Alterações nos níveis de neurotransmissores (principalmente serotonina, acetilcolina, dopamina, epinefrina e norepinefrina).
Mudanças de hormônios (menopausa, puberdade, ciclo menstrual, gravidez, pós parto e perimenopausa).
Atrofias em certas áreas do cérebro (particularmente no lobo pré-frontal) – responsáveis pelo controle das emoções e produção de serotonina.
Algumas doenças, como: câncer, dores de cabeça, doenças do coração, diabetes, HIV/aids, Parkinson e Alzheimer, transtornos alimentares, transtornos de ansiedade, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo, síndrome de estresse pós-traumático, adicção (vícios), problemas digestivos e intestinais entre outras.
Histórico familiar de depressão pode levar à pessoa a ter pré-disposição genética em desenvolvê-la.
Perdas (ente querido, pessoa amada, bens e emprego).
Problemas de relacionamento (ambiente de trabalho ou pessoal).
Problemas financeiros.
Mudanças de habitação.
Bulling ou chantagem emocional.
Culpa.
Medo.
Privações.
Dificuldades diversas na vida.
Sintomas da Depressão e diagnóstico
Nem sempre é fácil reconhecer um quadro depressivo, pois não é uma doença que aparece em exames laboratoriais ou de imagens.
A depressão é uma doença grave, com muitos sintomas, por vezes pode ser confundida com outras. Portanto, é de fundamental importância entender a duração, a intensidade e os sintomas para se chegar no reconhecimento de que se trata de uma patologia mental. O diagnóstico requer uma análise complexa.
A tristeza de uma pessoa depressiva se diferencia na sua duração e intensidade. Mais que as possíveis variações de humor nos desafios do dia a dia, a tristeza que é verificada na depressão é intensa, dura por muito mais de duas semanas, provocando dificuldades em realizar atividades comuns, ausência de prazer e alegria em situações que anteriormente causavam estas sensações.
Alguns sintomas:
Cognitivos
Fisiológicos
Comportamentais
Proposta de prevenção e tratamento à depressão
Apesar de não existir fórmula mágica na prevenção e tratamento da depressão, existem hábitos e meios que podem diminuir as possibilidades de desenvolver a doença, as recaídas e ou a diminuição dos sintomas.
Terapia Cognitivo Comportamental – TCC no tratamento da depressão
O modelo da terapia cognitivo comportamental (TCC) tem como objetivo analisar os pensamentos desadaptativos, utilizar de alguns recursos para descobrir maneiras mais realistas e assertivas de como o paciente deve pensar. Com isso conseguir com que o paciente consiga ressignificar os eventos e ter controle dos sentimentos desagradáveis que interferem no bem estar biopsicossocial. Com este processo, busca-se não só empoderar o paciente a sanar seus problemas atuais, como também oferecer um aprendizado que se estenda a eventos/situações futuras.
A TCC vêm apresentando resultados eficientes na modificação do comportamento de pessoas com depressão. Resultados como redução dos sintomas, aumento no repertório social, alteração na quantidade e qualidade das atividades, como ainda nas interações sociais.
Além do tratamento psicoterápico como uma modalidade eficaz para a depressão, não se pode excluir a necessidade de um tratamento combinado com antidepressivos, quando necessário. O tratamento medicamentoso não é oposto a aplicabilidade da psicoterapia, podem ser complementares.
Cuide de seu interior. As mudanças positivas fortalecem nosso equilíbrio emocional.
Marcia Chacon, Psicóloga Clínica, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental – TCC CRP 06/34288.